segunda-feira, junho 11, 2012

Estamos em 1984

Definimos o que é cultura. Cultura é gostar de Led Zeppelin, The Doors e Velvet Underground. Se achar tecno brega legal, isso não é cultura, é patetice. A não ser que seja Banda Uó, mas não pode ser Calypso ou qualquer coisa assim, que foi a origem do tal tecno brega. Ao mesmo tempo, se tu gosta de Restart, que seria o tal rock atual brasileiro, tu é um ignorante que não tem gosto. 
Precisa se dividir as pessoas. Em grupos rotulados e datados. A roupa tem de ser semelhante, os interesses têm de ser o mesmo. Tu tem de saber o nome da faixa escondida no CD de edição limitada da bandinha da onda, que é a suposta salvação do rock. Tu tem de assistir as mesmas séries daquele canal a cabo, que te passa a mesma informação que qualquer outra, num humor meramente americano. O diferente? Se agride,se oprime. E ao ver a degradação pública, se pula e grita, afinal... ele merecia isso, mesmo! 
... E quando, ao ver um enforcamento, você grita feliz e reluzente que aquele traidor tem de morrer, e que é você quem determina isso -pelo seu certo ou seu errado padrão-, gesticulando como todos os outros, mas acreditando que você é único e que todos têm de te amar por você ser quem você é, é o momento em que a padronização se expressa mais nitidamente. Aliás,você se ama por ser quem você é? 
E se tenta ser diferente, ser cool, ser cult, comprar a roupa mais diferente de seu padrão definido, tomar as atitudes mais libertas - e que te prendem a elas-, e você inveja a liberdade de uma simples canção do outro lado da janela, a opção é tua: ou mija em cima, ou simplesmente se aquieta e escuta o som.